Não há desastres da natureza. A natureza é o que é, assim tal qual foi se transformando. Há mudanças a partir da intervenção humana, correto, mas as grandes dinâmicas têm força própria e respondem às suas leis. Desastre é não saber lidar com elas, seja por ignorância (desconhecimento técnico) seja pela ignorância da busca desmedida do lucro ou da irresponsabilidade política administrativa .
No caso de nossa cidade há vários estudos sérios feitos pela próprio refeitura e um deles pela Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (UFBA), redundando num plano diretor de encostas. Na área da habitação, há um Plano Municipal feito pela equipe chefiada pelas arquitetas Angela Gordilho e Teresa do Espírito Santo.
A administração prefere o caminho do impacto fácil, de buscar sucesso a partir do gosto médio e senso comum, implementa um plano de ação calcado numa visão elitista da cidade , tomando medidas administrativas e legislativas a partir de uma ótica unilateral de alguns setores do mercado imobiliário .
Depois das criticas à concentração de recursos na Barra o prefeito saiu correndo e fez melhorias na orla de Tubarão e São Tomé de Paripe, no subúrbio e periferia de Salvador. Paisagem lindíssima que a maioria daqui e de fora não conhece. Belo lugar, felizmente hoje ocupado por população trabalhadora que mora há mais de um século naquele trecho da cidade. Beleza e desamparo, beleza e falta de infraestrutura, beleza e carência extrema, juntos, lado a lado. Bairros de presença operária e trabalhadores em todo tipo de atividades.
Outro problema que enfrentamos é a suposta participação da sociedade no processo de feitura de propostas para planos diretores e leis de uso do solo. Trata-se de mais uma representação do que processo efetivo de consulta e decisão, ou melhor base para futuras decisões no Conselho da Cidade (não funcionante ) e especialmente na principal instância de deliberação quanto a esses assuntos, que é a Câmara Municipal e o poder executivo.
Os governos têm responsabilidade quanto aos investimentos (cada um com sua parcela ) mas é a Prefeitura Municipal a principal responsável pelo planejamento urbano, planos e cronogramas de obras estruturantes, além de serviços básicos para o bem viver.
Estamos na luta por uma nova Salvador.
Queremos uma cidade com investimentos na infraestrutura, sistema viário e no seu sistema produtivo. Tanto no que já há , como no que deveríamos buscar !!! (Onde está a indústria naval de Salvador? já teve). Economia, assunto que merece outro texto.
Queremos uma cidade que supere e enorme contradição que é sua beleza versus sua desigualdade social e urbanística.
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